Animal visto em São Roque de Minas pode causar danos à flora e fauna.Diretoria aguarda orientações para controlar a espécie no parque.
O fotógrafo Fábio Rage registrou, na última semana, a presença de javalis no Parque Nacional da Serra Canastra, em São Roque de Minas. A espécie preocupa a direção do parque por se tratar de um animal selvagem que oferece riscos à flora e fauna nativas da região. O diretor do parque, Fernando Tizianel, disse ao G1 que aguarda orientações de órgãos nacionais de como controlar a espécie na região.
Desde o início deste ano, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vêm trabalhando em parceria visando à elaboração de um Plano Nacional de Controle do Javali. Já foram realizados seminários entre os órgãos com o objetivo trazer mais embasamento e subsídios para a produção do plano, como destacou o diretor do parque.
Fábio Rage contou que visitava o parque quando viu os animais correndo por uma extensa faixa de cerrado na região. Ele disse que eram três javalis, mas foi possível fotografar apenas dois. “Estávamos próximo à portaria III quando vimos os animais e eu logo peguei a câmera e fiz o registro”, disse.
Fernando destaca que a presença do animal no parque foi constata há dois anos. Entretanto, nenhuma ação de controle é desenvolvida na região. “O controle de javalis é um desafio e por isso, o ICMBio vem discutindo formas de como fazer em unidades de conservação. Estamos aguardando essas diretrizes para avaliar a situação na Serra da Canastra”, enfatizou.
O diretor do parque pede para que os turistas que identificarem de alguma forma a presença de javalis no parque façam um registro informando a área onde o animal foi encontrado. “Essas informações nos capacitam a montar um banco de dados sobre esse assunto para posteriormente estarmos preparados para eventuais ações de controle”, finalizou.
Espécie invasora
No Brasil, o javali é considerado espécie exótica, isto é, não nativa do local. Originário da Europa, o javali foi introduzido na Argentina e no Uruguai para fins de caça, posteriormente atingindo o território brasileiro, como enfatiza o ICMBio.
Além disso, a espécie é também classificada como invasora, uma vez que provoca diversos impactos no ambiente invadido. Presente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, o javali destrói plantações, nascentes de rios e vegetações nativas, prejudica as demais espécies de porcos devido à competição por alimento e pode transmitir doenças para outros animais.
Por ser considerado uma praga, em 2013 o Ibama legalizou o abate controlado do javali. “O animal tem temperamento selvagem e pode ocasionar estragos irrecuperáveis à flora. O que ele provoca é tão grave que é o único animal no país, cuja caça é liberada pelo Ibama”, contou o biólogo Sotero José Greco.
De hábito noturno, os javalis só andam em bando e causas muitos prejuízos por onde passam. É preciso poucos minutos para que tudo fique destruído no caso de um ataque a uma plantação. “Eles consomem de tudo, e por isso atacam sorgo, milho”, disse Greco.
A espécie foi trazida da Europa para a América do Sul, principalmente a Argentina e ao Uruguai, e chegaram ao Brasil pelo Rio Grande do Sul. A autorização do abate foi exatamente para conter o crescimento populacional em todo o território nacional. Confira normas e medidas de controle.
“Houve uma proibição há alguns anos sobre a criação de javalis, mas muitos fugiram e procriaram. Logo depois houve uma essa regulamentação para a caça controlada, pois o animal já tinha se disseminado no país. Eles causam grandes prejuízos à lavouras de milho, cana, soja e também ataca animais domésticos como cães, bezerros, carneiros. Enfim, são definitivamente uma praga”, destacou o biólogo.
http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2016/12/turista-registra-javalis-na-serra-da-canastra-e-preocupa-administracao.html