Lais morreu na última quinta-feira (30) durante um treino na zona rural de Delfinópolis (MG); laudo apontou politraumatismo contuso.
Por g1 Sul de Minas e Ribeirão Preto
O motorista suspeito de atropelar a atleta Lais Mendes Saes, de 42 anos, campeã paulista de ciclismo de estrada em 2021, se apresentou à Polícia Civil nesta segunda-feira (3). Lais morreu na última quinta-feira (30) enquanto realizava um treino na zona rural de Delfinópolis (MG). A suspeita é que ela tenha sido atropelada por um quadriciclo.
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Segundo a Polícia Civil, o condutor do veículo envolvido no acidente foi identificado e se apresentou espontaneamente nesta segunda-feira (3) na delegacia da cidade para prestar os devidos esclarecimentos.
Conforme a polícia, as investigações prosseguem com agendamento de oitivas de testemunhas nos próximos dias. O laudo de exame necroscópico, elaborado pelo Posto Médico-Legal, já foi juntado aos autos, estabelecendo como causa da morte o politraumatismo contuso.
A Polícia Civil aguarda a elaboração do laudo pericial do local dos fatos. Após a conclusão do procedimento investigativo, ele será relatado e encaminhado para o Ministério Público e a Justiça.
Após ser ouvido, o motorista, que é de Ribeirão Preto (SP), foi liberado.
Quem era Lais Saes
Lais Mendes Soares Saes, tinha 42 anos, e conquistou vários campeonatos de ciclismo de estrada, modalidade em que era especializada. Ele inclusive foi campeã paulista da modalidade em 2021.
Na última quinta-feira (30), ela realizava um treino da modalidade na BR-464, a 32 quilômetros do município, quando foi atingida.
Segundo a polícia, a ciclista estava sozinha no trecho e foi encontrada ferida por pessoas que passavam pelo local.
Testemunhas disseram ter visto um veículo em alta velocidade na região na hora do acidente. O corpo dela foi cremado no último sábado (1º).
Além do motorista do quadriciclo e do pai dele, que também estava no veículo, não existem outras testemunhas do acidente. Conforme a polícia, o motorista não teria parado para socorrer a vítima.
Um vídeo registrado no local do acidente mostrou que ali existe uma lombada acentuada, que atrapalha a visão de quem segue.
“Agora que tem o vídeo do local e um pouco de possivelmente de como tenha sido, dá para entender que uma queda nesse lugar fica inviável o que aconteceu com ela, está dando para dar uma clareada na cabeça da galera, que ali não tem como, você desmaia, cai de bike, a bike não tem ralado, não tem marcas, o banco está intacto, com esse vídeo dá para ter uma noção que não foi uma queda de bicicleta, dá para entender melhor os fatos”, disse o namorado de Laís, Vinícius Moretti.
Defesa diz que foi fatalidade
O advogado Daniel Rondi, que defende o motorista do quadriciclo disse ao repórter Dirceu Martins, da EPTV Ribeirão Preto, negou que o cliente dele tenha fugido do local do acidente e que o que aconteceu foi uma fatalidade.
“Primeiro é dizer que lamentamos a perda dessa atleta, a defesa está muito condoída com essa fatalidade, mas de fato foi um acidente, uma fatalidade, do qual o meu cliente não se omitiu em prestar socorro. A lei determina que a pessoa estando impedida de fazê-lo pessoalmente, ela deve buscar ajuda pública e foi o que ele fez, ele estava em um quadriciclo de apenas dois lugares, ele chegou a colocar a atleta dentro do seu veículo para deslocar para o hospital, porque é um local inóspito, não tem sinal de celular, é de difícil acesso e quando as pessoas chegaram ao acidente, outros carros, entenderam por bem mantê-la no local do acidente e começaram a proceder um atendimento de emergência pelo local e ele se deslocou ao hospital. Então, observe, ele não deixa o local em fuga, ele vai até o hospital da cidade e informa a médica de plantão sobre o acidente, ele fala com o motorista de ambulância, ensina, explica o local do acidente, para que se busque um auxílio público ao acidente”, disse o advogado.
O advogado ainda disse que o cliente não tinha dimensão do acidente era grave a ponto de levar a ciclista à morte e que, quando soube, procurou a polícia para dar explicações.
“O que ele explicou ao delegado é o fato dela estar à contramão porque ela estava na mesma faixa de rolamento na qual ele procedia com o carro, em uma curva aberta. Tanto que isso vai ser facilmente demonstrando pela perícia técnica, o carro está preservado, a polícia deixou que o carro ficasse preservado, ele vai passar por perícia, ele tem marcas que a gente chama na linguagem jurídica de vestígio, que vai demonstrar exatamente o local onde bateu, a forma que bateu, a dinâmica do acidente, exatamente por não causar lesões mais sérias à própria atleta fisicamente, aparentemente e à própria bicicleta, tudo isso na colheita desses vestígios dará conta que foi uma fatalidade”, disse o advogado.
Ele ainda concluiu dizendo que o condutor do quadriciclo estava em baixa velocidade quando o acidente ocorreu.
“Ele estava em uma velocidade baixa de 30 a 50 quilômetros por hora, porque inclusive era um aclive, ele estava se deslocando, e ela em uma descida, ela estava um pouco mais acelerada em uma descida, então ele se coloca nessa posição”, completou.
A Prefeitura de Delfinópolis informou que está tomando medidas necessárias para esclarecer o acidente e informou que a velocidade máxima permitida na estrada é de 40 quilômetros por hora.
Fonte: G1