Foto: Arquivo Pessoal Jordane Macedo | O governador Romeu Zema recebe o queijo Canastra gigante para uma visitinha.
Dois tradicionais queijeiros e um produtor cultural se uniram para levar adiante a empreitada que inclui a preparação de vários queijos-teste até o mês de outubro
Se um queijo Canastra de 1kg já é um queijão de dar água na boca, imagine um de 30 kg, que consumiu 300 litros de leite? Pois os conhecidos produtores de queijo de São Roque de Minas – Serra da Canastra – Ivair e sua mulher Lúcia Oliveira aceitaram o desafio proposto pelo produtor cultural Jordane Macedo para produzir um queijo Minas Artesanal desse quilate.
A ideia é usar a iguaria gigante para divulgar ainda mais o Queijo Minas Artesanal da região e, de quebra, entrar para o Guinness Book como “o maior queijo de leite cru da Canastra”.
Lúcia conta que estava em casa tranquila, num dia de semana, no último mês de maio, quando Jordane ligou fazendo a proposta do tal queijão. “Ele sempre tem essas ideias meio malucas (rsrs) que, em geral, dão certo. Eu e o Ivair topamos na hora, movidos pela curiosidade de fazer, de saber como vai ficar e o entender o que muda na técnica num queijo desse tamanho.” Empolgado, o próprio Jordane foi quem arrumou a forma do queijo, cortando um tubo de PVC de 50 centímetros de diâmetro (veja a foto abaixo).
O primeiro queijo ficou pronto há 40 dias e demorou cinco luas para ficar pronto. A parte mais trabalhosa, segundo Lúcia, foi o momento de virar o queijo. “Ele é muito pesado, então tivemos que unir forças para conseguir, mas deu certo”. Cinco pessoas foram necessárias para prensar a massa (uma virando o latão e as outras amassando a massa com as mãos para escorrer todo o soro).
A iguaria, batizada de ‘Canastra Imperial’, até já andou passeando pelo Festival do Queijo Artesanal de Minas, no Expominas, no último fim de semana, esteve na Cidade Administrativa, visitando o governador Romeu Zema e, agora, segue seu período de maturação que deve ser de seis meses. O segundo queijo-teste foi finalizado há nove dias. “É um bebê que precisa de todos os cuidados. Está numa prateleira sozinho para não sofrer influência de outros fungos ou bactérias e precisa ser virado de tempos em tempos.”
A receita é a mesma do queijo Canastra comum: leite cru, coalho, pingo e sal. A diferença, segundo Lúcia, é apenas se mexe mais ou menos a massa, no comportamento e no tempo da maturação. “Sim, porque não basta ser grande, tem que ser gostoso”, diz a produtora que é de família queijeira, mas começou a fazer os QMAs profissionalmente, há 12 anos.
O tempo gasto para se fazer o queijão de 30 quilos é o mesmo que se leva fazendo 30 queijos de 1 kg. Lógico. Outro queijo-teste deverá começar a ser feito já no próximo mês e ainda tem mais um programado para antes de outubro, quando, finalmente, deverá ser feita a iguaria definitiva, concorrerá ao Guinness.
Foi Jordane quem criou a Rota do Queijo Canastra, instalando na região 26 placas indicativas com QRCodes que direcionam o turista desavisado para as propriedades próximas, fornecendo informações dos produtores próximos, telefones de contato e disponibilidade de horários para visitas em suas queijarias. “Eu gosto de pensar fora da caixinha”, disse, O produtor cultural já fez a inscrição para o processo de verificação do Livro dos Recordes, que deve acontecer durante um evento chamado “Rota do Queijo Canastra”, em São Roque de Minas, em outubro desse ano.
Renda para instituições de caridade
Ele acredita que todos os queijos-testes e até mesmo o definitivo serão fracionados e vendidos pela Internet, com renda revertida para instituições de caridade da região.
Mas, isso ainda não está fechado porque eles ainda estão estudando a melhor forma e logística de fazer isso. “Tem muita gente me ligando e mandando mensagem querendo um pedaço da iguaria”, contou. Lúcia disse que está se sentindo muito gratificada pelo interesse e envolvimento das pessoas na empreitada. “É isso que nos move: aprender, aprimorar sempre e fazer as pessoas felizes”.
A região da Serra da Canastra tem cerca de 800 produtores artesanais, espalhados por sete municípios. Juntos, eles produzem cerca de 600 toneladas de queijo por ano.
Fonte: https://www.itatiaia.com.br/