PASSOS – A equipe de Astroturismo dos Parques Brasileiros, projeto institucional vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez uma expedição nos municípios de Vargem Bonita e São Roque de Minas, no início de julho, para analisar a qualidade do céu noturno da região da Canastra em relação ao astroturismo. As atividades eram abertas ao público e reuniram cerca de 300 pessoas.
Relatório divulgado pelos profissionais aponta que o céu da canastra atinge a classificação de Parque de Céu Escuro (Dark Sky Park) em pelo menos cinco locais, que podem se transformar em pontos de astroturismo.
“O astroturismo é um segmento que está vinculado com o ecoturismo, com ênfase no período noturno. Tratamos desde conscientização ambiental a interpretação do céu estrelado, utiliza-se de equipamentos astronômicos em atrativos turísticos natural para a realização do tour astronômico, isso por conta das condições favoráveis de céu muito bem preservado. E a Serra da Canastra tem esse potencial”, disse Rafael Marques, guia de turismo e CEO da agência CanAstro.
Segundo o documento, um dos objetivos da AstroExpedição Serra da Canastra foi avaliar a qualidade do céu noturno através de critérios técnicos, estabelecidos pelo projeto desde 2021. A avaliação permite verificar a qualidade do céu da região para atividades astronômicas, do potencial para o astroturismo e a possibilidade da indicação futura do Parque Nacional da Serra da Canastra como parque de céu escuro (dark sky park) certificado internacionalmente.
Para a análise foi utilizado o equipamento Sky Quality Meter (SQM), que mede o brilho do céu noturno. Na escala de brilho utilizada, quanto mais próximo de 22 mag/arcsec2 for a medida, mais adequado é o céu para o astroturismo.
O processo de medição e geração dos dados pode envolver medidas no zênite (região mais alta do céu) ou medidas em todo o céu, que permitem gerar mapas mais precisos, a fim de avaliar quais são as ameaças para a qualidade do céu. Estas ameaças se referem a fontes de iluminação artificial excessiva, que produzem a poluição luminosa e inviabilizam a observação das estrelas mais tênues e da Via Láctea, por exemplo.
Ainda segundo o documento, em todas as localidades de análise, longe dos centros urbanos de Vargem Bonita e de São Roque de Minas, os valores de SQM foram considerados altos, indicando que o céu noturno da região da Serra da Canastra é pouco afetado pela iluminação artificial.
No Curral de Pedras (Parna Serra da Canastra), em São Roque de Minas, a qualidade do céu impressionou a equipe, situando o Parque Nacional como potencial Parque de Céu Escuro (dark sky park), no futuro. Neste local, o valor máximo inferido de 21.92 mag/arcsec2 é equivalente, em qualidade, aos céus mais estrelados do planeta.
Os outros pontos de análise e valores máximos são: Pousada Praia da Crioula – Vargem Bonita (21.69), Pousadas Águas do São Francisco – São Roque de Minas (21.42), Cachoeira do Cerradão – São Roque de Minas (21.75) e Mirante da Ana – São Roque de Minas (21.67). O valor mínimo de SQM para Parques internacionais de céu escuro (dark sky parks) é de 21.20.
Segundo o relatório, a expedição, que atendeu a um público estimado em aproximadamente 300 pessoas, apresentou a astronomia para além da ciência, conectando-a com outras áreas do conhecimento, a cultura, a arte, o turismo de experiência e a economia sustentável através do incentivo ao astroturismo.
A equipe do projeto é composta por profissionais de astronomia, turismo e estudantes como Daniel Mello, Rafael Marques, Ricardo Cesar, Fabíola Gomes, Igor Borgo, Taylan Sales, Samara Monteiro, Roberta Cosmala e Fabio Vellozo.
Fonte: Clic Folha