José Francisco Silva e Inácia Cavalcante partiram de Salvador em uma caminhonete com destino à nascente, no Parque Nacional da Serra da Canastra. Foram percorridos cerca de 6 mil km de estrada.
Foto: José Francisco e dona Inácia percorreram cerca de 6 mil quilômetros até a nascente do rio em São Roque de Minas — Foto: José Francisco/Arquivo Pessoal
Por Anna Lúcia SIlva, g1 Centro-Oeste de Minas — São Roque de Minas
Chegou ao fim uma viagem emocionante de 135 dias de um casal pelas cidades margeadas pelo Rio São Francisco; foram quase 6 mil km percorridos de caminhonete. O ponto final desta aventura foi na nascente histórica do rio em São Roque de Minas, no Parque Nacional da Serra da Canastra. Os protagonistas são José Francisco Silva, de 82 anos, e Inácia Vieira de Andrade Cavalcante, de 66 anos.
José e Inácia saíram da cidade onde moram, Delmiro Gouveia, em Alagoas, região também banhada pelo Rio São Francisco, e pegaram estrada em uma caminhonete adaptada para meses de viagem.
Durante todo esse tempo, eles mostraram que nenhuma dificuldade foi maior que o sonho de conhecer a nascente do maior rio brasileiro, que faz parte da vida deles, e que está tão perto cotidianamente, no quintal da casa dos dois.
‘A viagem da integração’
O percurso de quatro meses, nomeado de “A viagem da integração” foi registrado pelo fotógrafo e cineasta Edson Carvalho, que está produzindo o longa metragem “Talhado para viver”, que retrata exatamente a vida de Francisco e a aventura dele, ao lado de dona Inácia, na viagem até a nascente.
Diversos momentos foram divulgados nas redes sociais para que todos pudessem acompanhar a aventura, que chegou ao fim na última terça-feira (13).
O percurso de quatro meses, nomeado de “A viagem da integração” foi registrado pelo fotógrafo e cineasta Edson Carvalho, que está produzindo o longa metragem “Talhado para viver”, que retrata exatamente a vida de Francisco e a aventura dele, ao lado de dona Inácia, na viagem até a nascente.
Diversos momentos foram divulgados nas redes sociais para que todos pudessem acompanhar a aventura, que chegou ao fim na última terça-feira (13).
Viagem de 6 mil km
Foram cerca de 6 mil quilômetros percorridos do alto sertão nordestino até o Centro-Oeste de Minas. O veículo, uma caminhonete escolhida pelo próprio sertanejo, foi por ele mesmo equipado com uma barraca e todos os apetrechos de acampamento necessários para dias de estrada.
Como ele mesmo conta, o desafio foi planejado com a reserva de R$ 500 por mês, para a despesa com o combustível. Pelas cidades e pelos estados banhados pelo Rio da Integração, ele contou com apoio das pessoas.
A cada cidade que o casal parava, o acolhimento era quase que instantâneo. Recepcionados por moradores, empresários, prefeitos, agentes de turismo e meio ambiente, o que o senhor Francisco e dona Inácia carregam agora é um misto de gratidão e sentimento de dever cumprido, pela realização do sonho de conhecer a nascente e por terem sido tão bem recebidos por onde passaram.
“Sempre foi um sonho conhecer essa grande bacia, com inúmeras gotículas d´águas que formam o maior Rio da Integração. Em alguns momentos eu achei que poderia ser impossível, mas me preparei e me desloquei da minha cidade de Delmiro Gouveia com dona Inácia, para que chegássemos até a nascente do Rio São Francisco. Os desafios foram muitos, porém superamos todos. Cheguei doente, fragilizado, mas cheguei”, disse.
Chegada
Após os 6 mil km percorridos, na última terça-feira (13), já dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra, a emoção tomou conta a cada passo que aproximava o casal do grande sonho de estar frente a frente com a nascente.
Quando visualizaram o poço de onde brota o Rio São Francisco, a emoção saltou os olhos e o choro de gratidão foi inevitável.
“Neste momento, a emoção tomou conta de mim. Eu não consegui controlar a emoção de ver a nascente, ver a cachoeira Casca D’Anta. Para mim, a ficha ainda não caiu, é quase como um sonho. Eu não tenho palavras para agradecer a o apoio, desse o pessoal da Serra da Canastra, foi incrível a hospitalidade desse povo, que povo hospitaleiro. Muito obrigado, meu Deus”, disse em entrevista ao g1.
Quem é Francisco
De acordo com o cineasta Edson, Francisco é um ícone e símbolo de empreendedorismo e boas práticas ambientais e sociais. É reconhecido por diversos órgãos ambientais e outras instituições públicas e privadas do país.
Aposentado, Francisco é fundador de um centro de acolhimento de meninos de rua em Palmeira dos Índios em Alagoas – a Fundanor. Também é inventor de uma gaiola de tanque-rede que beneficiou inúmeros pescadores em Traipu e o pioneiro na área de turismo em Delmiro Gouveia.
Já cedeu o quintal da casa para gravações de “Cordel Encantado”, da TV Globo, e participou do programa “Como Será?”, com uma participação de 30 minutos, na seção “Heróis Possíveis para Causas Impossíveis”.
Ainda que semialfabetizado, foi palestrante em universidades, escolas e bancos. Esteve no exterior, recebeu diversos prêmios e títulos por atitudes sociais, culturais, ecológicas, empreendedoras.
Documentário
Totalmente idealizado pelo diretor e produtor independente, Edson Carvalho, que é de Salvador na Bahia, o “Talhado para Viver” é um filme de 1h30, que retrata “a vida do sertanejo que faz do tempo o seu súdito”.
A primeira parte do documentário foi lançada em São Roque de Minas, cidade mãe do Rio São Francisco. O complemento ainda está sendo finalizado com a “Viagem da Integração”.
Fonte: G1