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quinta-feira, 21 novembro 2024

Biólogo registra animais raros e ameaçados na Serra da Canastra



Foto: Repórter Liliana Junger com biólogo Sávio Freire Bruno no Parque Nacional da Serra da Canastra — Foto: Globo Repórter

Há duas décadas, o biólogo Sávio Freire Bruno usa a imagem como ferramenta científica e compartilha suas descobertas através de um projeto da Universidade Federal Fluminense, o Fauna Brasil.

Por Globo Repórter

O Globo Repórter mostrou os tesouros do Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), um paraíso preservado, e fez uma homenagem aos pesquisadores brasileiros.

Há duas décadas, o biólogo Sávio Freire Bruno, doutor em medicina veterinária e pesquisador, registra animais raros e ameaçados e compartilha esse conhecimento através de um projeto da Universidade Federal Fluminense, o “Fauna Brasil”.

O carioca, de 61 anos, foi para terras mineiras continuar um trabalho muito antigo.

No século 19, naturalistas percorreram a região e revelaram ao mundo novas descobertas. Um deles, o francês Auguste de Saint-Hilaire, escreveria as bases do que sabemos hoje sobre o Cerrado.

“O Cerrado é considerado uma das principais áreas para conservação da natureza no âmbito mundial. São os chamados hotspots. O Cerrado é um hotspot brasileiro”, explica Sávio.

“Suas maiores preciosidades estão na fauna. Espécies que estão oficialmente ameaçadas de extinção, como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, o veado-campeiro”, completa o biólogo.

“O Brasil, do ponto de vista científico, foi redescoberto no século 19 com a chegada dos naturalistas, com a vinda de D. João VI. Dentre eles Saint-Hilaire, que esteve aqui em 1819, e depois houve uma lacuna enorme de tempo até 1972, quando o parque foi criado. Existiu então um movimento de retorno de pesquisadores, e eu dou continuidade a esse trabalho. Isso faz a gente ver o entrelaçamento da vida dos pesquisadores”.

Mas diferentemente das anotações do naturalista francês, feitas em um diário, Sávio alimenta a ciência com fotos e vídeos.

Lobo-guará visto na Serra da Canastra (MG) — Foto: Reprodução/Globo Repórter

“Eu uso a imagem como ferramenta cientifica”.

O professor fez imagens inéditas de um lobo-guará caçando e outras raras de patos-mergulhões no parque, espécie que já foi considerada extinta e que hoje só existe no Brasil.

“Alguns dos comportamentos que já foram sinalizados na literatura, mas ainda não tinham sido verdadeiramente documentados no audiovisual: por exemplo, um lobo-guará predando um tatu”.

E captar o momento exato não é fácil.

“Dias e dias e se você se distrai um minuto, mesmo que seja para matar a sua sede ou sua fome, está arriscado naquele instante você perder o registro”.

Pato-mergulhão já foi considerado extinto — Foto: Reprodução/Globo Repórter

“Para o biólogo é divino. Registrando pela primeira vez e para levar ao mundo uma imagem que traduz a importância da continuidade da vida”, diz Sávio sobre um vídeo que fez de um casal de patos-mergulhões com seus filhotinhos.

Ao longo da pandemia, o pesquisador se isolou na Serra da Canastra e se debruçou em seus estudos.

“Existe uma diferença entre solidão e solitude. Para mim, não teria outro lugar que me fizesse mais feliz”.

Serra da Canastra abriga mais de 300 espécies de aves — Foto: Reprodução/Globo Repórter

E Sávio ressalta como é importante continuar as pesquisas, já que muito pouco ainda se sabe sobre o bioma: “Eu acredito que se saiba, que se tenha maior curiosidade sobre a savana africana do que sobre a savana brasileira, que é o Cerrado brasileiro”.

Assista ao vídeo

Fonte: G1

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