Foto: Repórter Liliana Junger com biólogo Sávio Freire Bruno no Parque Nacional da Serra da Canastra — Foto: Globo Repórter
Há duas décadas, o biólogo Sávio Freire Bruno usa a imagem como ferramenta científica e compartilha suas descobertas através de um projeto da Universidade Federal Fluminense, o Fauna Brasil.
Por Globo Repórter
O Globo Repórter mostrou os tesouros do Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), um paraíso preservado, e fez uma homenagem aos pesquisadores brasileiros.
Há duas décadas, o biólogo Sávio Freire Bruno, doutor em medicina veterinária e pesquisador, registra animais raros e ameaçados e compartilha esse conhecimento através de um projeto da Universidade Federal Fluminense, o “Fauna Brasil”.
O carioca, de 61 anos, foi para terras mineiras continuar um trabalho muito antigo.
No século 19, naturalistas percorreram a região e revelaram ao mundo novas descobertas. Um deles, o francês Auguste de Saint-Hilaire, escreveria as bases do que sabemos hoje sobre o Cerrado.
“O Cerrado é considerado uma das principais áreas para conservação da natureza no âmbito mundial. São os chamados hotspots. O Cerrado é um hotspot brasileiro”, explica Sávio.
“Suas maiores preciosidades estão na fauna. Espécies que estão oficialmente ameaçadas de extinção, como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, o veado-campeiro”, completa o biólogo.
“O Brasil, do ponto de vista científico, foi redescoberto no século 19 com a chegada dos naturalistas, com a vinda de D. João VI. Dentre eles Saint-Hilaire, que esteve aqui em 1819, e depois houve uma lacuna enorme de tempo até 1972, quando o parque foi criado. Existiu então um movimento de retorno de pesquisadores, e eu dou continuidade a esse trabalho. Isso faz a gente ver o entrelaçamento da vida dos pesquisadores”.
Mas diferentemente das anotações do naturalista francês, feitas em um diário, Sávio alimenta a ciência com fotos e vídeos.
“Eu uso a imagem como ferramenta cientifica”.
O professor fez imagens inéditas de um lobo-guará caçando e outras raras de patos-mergulhões no parque, espécie que já foi considerada extinta e que hoje só existe no Brasil.
“Alguns dos comportamentos que já foram sinalizados na literatura, mas ainda não tinham sido verdadeiramente documentados no audiovisual: por exemplo, um lobo-guará predando um tatu”.
E captar o momento exato não é fácil.
“Dias e dias e se você se distrai um minuto, mesmo que seja para matar a sua sede ou sua fome, está arriscado naquele instante você perder o registro”.
“Para o biólogo é divino. Registrando pela primeira vez e para levar ao mundo uma imagem que traduz a importância da continuidade da vida”, diz Sávio sobre um vídeo que fez de um casal de patos-mergulhões com seus filhotinhos.
Ao longo da pandemia, o pesquisador se isolou na Serra da Canastra e se debruçou em seus estudos.
“Existe uma diferença entre solidão e solitude. Para mim, não teria outro lugar que me fizesse mais feliz”.
E Sávio ressalta como é importante continuar as pesquisas, já que muito pouco ainda se sabe sobre o bioma: “Eu acredito que se saiba, que se tenha maior curiosidade sobre a savana africana do que sobre a savana brasileira, que é o Cerrado brasileiro”.
Assista ao vídeo
Fonte: G1