Autor: Vinicius de Souza Almeida
A conservação e uso sustentável de uma área natural podem transformar a sociedade. Esta tem sido a trajetória da Reserva Particular do Patrimônio Natural, RPPN Sesc Pantanal, localizada em Barão de Melgaço (MT), celeiro de pesquisas e primeira unidade do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, iniciativa do Sistema CNC-Sesc-Senac.
No Brasil, há mais de 1.500 RPPNs, abrangendo cerca de 770 mil hectares. A criação desse tipo de reserva, que pode ser feita por pessoas jurídicas ou físicas, é voluntária e irrevogável. A decisão do Sesc pela conservação deste bioma tão importante, portanto, é vitalícia.
Sozinha, a RPPN Sesc Pantanal protege 108 mil hectares, dimensão equivalente à cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde foram catalogadas mais de 258 espécies de plantas e 630 de animais vertebrados. Entre àquelas ameaçadas de extinção destacam-se a onça-pintada, o lobo-guará e o tamanduá-bandeira.
A pesquisa científica é sua marca, realizada em parceria com universidades nacionais e internacionais e pelo protagonismo de guarda-parques e auxiliares, em sua maioria pantaneiros das comunidades tradicionais locais.
A partir da reserva e valorizando a riqueza natural e cultural do Pantanal, oito frentes de atuação formaram o Polo Socioambiental Sesc Pantanal, como o Hotel Sesc Porto Cercado, o Sesc Poconé e o Complexo Educacional Sesc Pantanal.
Com três áreas naturais – RPPN Sesc Pantanal, Parque Sesc Baía das Pedras e Parque Sesc Serra Azul – o Polo já produziu mais de 500 publicações científicas, assinadas por 185 instituições, incluindo 47 estrangeiras de 18 países diferentes. Pela reconhecida importância continental para espécies migratórias e da efetividade de suas práticas conservacionistas, a RPPN Sesc Pantanal é grafada como “Sítio Ramsar” e como “Zona Núcleo da Reserva da Biosfera”, dois títulos internacionais que reconhecem áreas de grande relevância ambiental para todo o planeta.
Conhecimento é bem que se multiplica. Cerca de 1.700 publicações científicas secundárias citam os dados produzidos no Sesc. Um único artigo sobre estimativas de jaguatiricas na RPPN Sesc Pantanal foi citado em 276 estudos diferentes. Outro, sobre florestas de cambarazais, teve mais de 19 mil consultas online. Esses são apenas alguns indícios da contribuição do Polo Socioambiental ao conhecimento científico, cuja amplitude, talvez imensurável, já mereceria sua própria investigação.
A vantagem de ter a ciência enquanto “destino”, é que o conhecimento não tem fim e permite ajustar a sua caminhada nessa trilha, aprimorando a convivência harmônica com a natureza e revelando novos horizontes.
Quantos desdobramentos a criação de uma RPPN pode gerar, não é mesmo? Que este seja apenas mais um exemplo inspirador que celebre, neste Dia Nacional das RPPNs (31 de janeiro), todas as Reservas Particulares do Patrimônio Natural Brasileiras para multiplicá-las para o bem do meio ambiente e da humanidade.
Vinicius de Souza Almeida é mestre em Ciência Ambiental e analista de Projetos da RPPN Sesc Pantanal
Fonte: SESC